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Por Luiz Otávio Silva Portela

A população de Belo Horizonte ouviu novamente que a ampliação do metrô e a construção de novas linhas sairão do papel. Depois de tantos compromissos firmados e não cumpridos, fica cada vez mais forte nos moradores da capital mineira a sensação de que, novamente, o projeto não vai para frente, considerando que essa novela dura mais de 30 anos. Sem pontuar as nuances políticas da questão do metrô, é preciso analisar as dificuldades técnicas e financeiras para a sua implantação. Além de ter um preço de construção consideravelmente alto, a topografia de Belo Horizonte não é favorável a praticamente nenhum tipo de transporte de massa. Então, o que fazer para solucionarmos o problema do caos no trânsito da capital mineira que a cada dia fica mais evidente? Em um primeiro momento, temos que parar de sermos simplistas e começarmos a pensar em soluções arrojadas, que complementem os modais já instalados na cidade. Uma opção de transporte pouco conhecida e que poderia pôr fim aos crescentes problemas do trânsito da cidade é o metrô leve, na modalidade monotrilho. O modal trabalha com veículos leves com rodas de borracha, que circulam em um único trilho, suspenso em concreto armado, movidos por propulsão elétrica de maneira automatizada, ou seja, não há a necessidade de condutores, nem de ocupar o mesmo espaço de carros e ônibus e o relevo não representa a menor interferência. Um estudo do Instituto Federal do Espírito Santo aponta que o metrô leve tem custo médio por quilômetro entre R$ 74 milhões e R$ 129,5 milhões, enquanto o metrô varia entre R$ 148 milhões a R$ 222 milhões.

Além de apresentar um menor custo, o modal também desapropria menos. Durante a implantação, as intervenções no sistema viário são pequenas, já que os pilares ocupam menos de dois metros de largura nos canteiros centrais. As vigas são pré-moldadas e poderiam ser instaladas durante a noite, sem a necessidade de interrupção do tráfego.

Para implantar o metrô leve em Belo Horizonte há várias possibilidades de rota e, obviamente, quanto maior a rede, maior a eficiência. Porém, a melhor opção, no momento, é começar uma linha na Lagoinha, passando pelo Mineirão, Aeroporto da Pampulha, Cidade Administrativa e chegando até o Aeroporto Internacional de Confins. Trafegando por todo esse trajeto, o metrô leve resolveria parte da carência de transporte na cidade, com a vantagem de o trecho até o Mineirão ficar pronto antes da Copa de 2014. Nem na projeção mais otimista, o metrô teria essa distância com o mesmo prazo, já que leva em média um ano para construir um quilômetro de metrô, ao passo que durante esse mesmo período, é possível construir cinco quilômetros de metrô leve. A suspeita é que a utilização desse modal seja ainda tímida no Brasil em função da falta de arrojo no planejamento de transporte do país. Várias cidades no mundo têm metrô leve implantado e ele funciona de forma brilhante. O maior exemplo de sucesso é em Sidney, na Austrália, onde o metrô leve – por ser tão eficiente, silencioso e não poluente – passa dentro até mesmo de um prédio. São Paulo, a cidade com mais problemas de trânsito no Brasil, já percebeu esse recurso e começou a implantar o modal. Isso porque o metrô leve é capaz de atender 25 mil passageiros por hora nos horários de pico em cada um dos sentidos. É hora de apresentarmos uma solução eficaz para a aplicação do dinheiro público. A população deve conhecer outras soluções para conseguir se deslocar com dignidade. Antes de usar todo esse valor em uma resposta pré-estabelecida, o ideal é abrir a discussão por uma opção mais útil. Não dá para os belo-horizontinos se frustrarem mais uma vez e continuarem a viver refém de engarrafamentos e de metrôs ultrapassados e lotados.