Luiz Otávio Portela
Os belo-horizontinos escutaram mais uma vez que a construção de novas linhas do metrô sairá do papel. Considerando que essa novela dura mais de 30 anos, muita gente só irá acreditar na realização das promessas quando os carros estiverem nos trilhos, funcionando.
Deixando de lado as questões políticas, é preciso analisar as dificuldades técnicas e financeiras para a implantação do metrô de Belo Horizonte. Relevo acidentado e custo consideravelmente alto são apenas dois aspectos básicos a serem analisados e talvez algumas das razões para tanto atraso nas obras. Dessa forma, como ter um transporte de massa eficaz?
É necessário pensar em opções arrojadas para solucionar esse caos no trânsito em que estamos vivendo. Uma solução moderna, parecida com o metrô, mas muito mais barata e com implantação mais rápida, é o metrô leve, na modalidade monotrilho. O modal trabalha com veículos leves sustentados sobre rodas de borracha que circulam por uma viga-trilho suspensa em concreto armado. Eles são movidos por propulsão elétrica de maneira automatizada – ou seja, não há a necessidade de condutores, nem de ocupar o mesmo espaço de carros e ônibus, e o relevo não representa a menor interferência.
Um estudo do Instituto Federal do Espírito Santo aponta que o metrô leve tem custo médio por quilômetro entre R$ 74 milhões e R$ 129,5 milhões, enquanto o mesmo trecho do metrô varia entre R$ 148 milhões a R$ 222 milhões. Por circular suspenso, o modal também desapropria menos, e as intervenções no sistema viário são pequenas, já que os pilares ocupam menos de dois metros de largura nos canteiros centrais.
As vigas são pré-moldadas e poderiam ser instaladas durante a noite, sem a necessidade de interrupção do tráfego. Em funcionamento, o metrô leve é capaz de transportar 25 mil pessoas em horário de pico.
A suspeita é que a utilização desse tipo de transporte seja ainda tímida no Brasil em função da falta de arrojo no planejamento de transporte do país. Várias cidades no mundo têm metrô leve implantado, e ele funciona de forma brilhante. O maior exemplo de sucesso é em Sidney, na Austrália, onde o modal – por ser tão eficiente, silencioso e não poluente – passa dentro até mesmo de um prédio. São Paulo, a cidade com mais problemas de trânsito no Brasil, percebeu esse recurso e começou a implantar o modal.
Já passou da hora de os milhões em recursos liberados para mobilidade urbana serem aplicados em soluções eficazes. A população não aguenta mais ficar parada em imensos engarrafamentos, seja em carro ou em ônibus. Nos últimos 15 dias, o trânsito da cidade deu um grande nó por duas vezes. Um dia, ocorreu um acidente no Anel, no outro, a causa foi exclusivamente o excesso de veículos.
É por isso que a discussão por uma solução mais útil deve ser iniciada de maneira urgente. Não dá mais para os moradores da região metropolitana de Belo Horizonte se frustrarem mais uma vez.