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Entrevista com o Presidente da TransCon

O Informativo EM TENPRO entrevistou o Presidente da TransCon, Agostinho Fernandes da Silveira, sobre Mobilidade Urbana na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Confira

IT: Quais são os principais desafios da mobilidade urbana na RMBH e no município de   Contagem?

Agostinho Fernandes da Silveira: O tema Mobilidade Urbana ocupa hoje posição de destaque na agenda nacional. A partir do momento em que o Brasil conseguiu a estabilidade monetária com a utilização dos fundamentos econômicos instituídos: melhor controle das taxas inflacionárias, bom desempenho na balança comercial, crescimento do PIB (em que pese sua timidez), e melhor distribuição de renda; formando assim, um conjunto de fatores que permitiu  que o país pegasse os ventos do desenvolvimento, tendo por consequência a ampliação do leque de prioridades dos governos nos três níveis de poder.

Além dos temas mais demandados como saúde, educação, saneamento, segurança pública e assistência social, a mobilidade urbana foi inserida no contexto das prioridades do Brasil. Uma das razões determinantes dessa inclusão foi a necessidade de se criar alternativas para o transporte da grande massa que compõe a força de trabalho nacional, bem como o de mitigar o caos nos trânsitos urbanos, acentuado pelo aumento brutal da frota nacional. Associa-se a isso a necessidade de melhorar a logística para escoamento das produções, agrícola e industrial.

 A oportunidade surgiu de forma mais rápida que o previsto, exigindo dos governantes que partissem para implementar ações capazes de atender as demandadas ditadas pelos gritos das ruas,  e também, pela pressão de setores mais organizados e com interesses direto no setor. Penso que tudo aconteceu, até certo ponto, de forma desordenada com planejamentos fatiados e voltados para soluções emergenciais locais, sem, contudo, levar em conta a discussão de planos macros envolvendo as regiões como um todo, especial mente as metropolitanas.

Portanto, não houve planos dotados de visão holística dos problemas, inexistindo harmonia entre as esferas de poder. Os diagnósticos foram feitos segundo os interesses políticos internos, sempre voltados para a conquista ou manutenção do poder.

 Assim, dentro dessa ótica, os grupos ou governantes passaram eleger as suas próprias prioridades, pesando os interesses locais sem outras preocupações. O tempo deu mais realce ainda e valor ao problema da mobilidade que passou a sobrepor os demais temas que formam a tela da vida em sociedade.

Hoje, a Modalidade Urbana é destaque dentre as prioridades das cidades, em especial das que formam centros maiores nas respectivas regiões dos estados brasileiros. Mesmo assim, entendo que o tratamento dispensado carrega defeitos comprometedores dos resultados futuros, até porque as ações buscaram até aqui, soluções mais locais, como se mobilidade fosse algo voltado apenas para a edificação de vias, viadutos, pontes, acessibilidade, complexo integrado de transporte de pessoas e por aí em diante.

Para ser sincero, passando longe da pretensão de apontar soluções milagrosas, até mesmo porque não sou técnico da área e nem dono da verdade, vejo que o tema não é privilegio apenas dos técnicos da área de engenharia, vai muito além: invade o campo de outras especialidades como da sociologia, psicologia, medicina, pedagogia, direito, e de outros, porque o destinatário dos esforços deve e tem que ser sempre o homem e seu bem estar no contexto social.

Dessa forma pressupõe ter o indivíduo como centro das relações sociais, dotado de direitos e obrigações na busca da felicidade.

Posso asseverar, sem medo de errar, hoje, a Mobilidade Urbana nos grandes centros tem mais importância e requer mais atenção que temas, como por exemplo, saúde, educação e segurança, já que para assegurar seus bons desempenhos é indispensável à qualidade dos serviços de trânsito e da mobilidade nas cidades. Estou convencido de que não existirá melhor saúde, melhor educação com qualidade, eficácia na aplicação de políticas de combate a criminalidade, harmonia na convivência oficial, sem mobilidade urbana ágil, competente e integrada.  Não se garantirá qualidade de vida sem assegurar paz, não se manterá a expectativa de felicidade sem equacionar no presente o direito de ir e vir, de acessibilidade, ágil e segura, deixando projetadas portas capazes de garantir sequência no futuro, e isso só será possível com planejamentos integrados com vistas para as regiões, especialmente, as metropolitanas. Por isso, penso que os problemas que afligem a capital, Belo Horizonte, devem ser discutidos e solucionados dentro de suas divisas, porém, em sintonia e harmonia dentro de um projeto maior que possa pensar na integração de todos os municípios que compõem o cinturão da região metropolitana, em especial, daqueles conlurbados, como, Belo Horizonte, Contagem, Ibirité, Nova Lima, Sabará, Santa Luzia, Vespasiano, Lagoa Santa, Esmeraldas, etc.

Belo Horizonte e Contagem têm demandas próprias, mas, também, problemas e desafios comuns em suas divisas que devem ser enfrentados com planejamento bem concebidos pelas duas cidades.  Acredito que os dois devem ser parceiros na discussão de soluções baseadas em diagnóstico voltado a indicar estudos de soluções técnicas permanentes, deixando, volto a insistir, janelas para o equacionamento das demandas futuras.

Não se pode desprezar as pressões dos municípios que fazem divisa territorial com os dois, como dos outros que formam a região metropolitana como um todo. Não se equacionará todos os problemas vividos no presente sem diagnósticos e projetos que levem em conta a região metropolitana em geral.

Belo Horizonte, por ser sede de jogos da copa do mundo, tem recebido investimentos que ajudarão a reduzir parte dos problemas internos. Enquanto Contagem está recebendo obras na região industrial numa parceria com a União e governo do Estado, obras viárias e de bacias hidrográficas; receberá ainda, recursos aprovados no PAC Mobilidade do governo Federal que contemplam obras importantes de infraestrutura, que contribuirão para diminuir os problemas que mais angustiam e geram impactos em todas as regiões contempladas.

Sei que faz parte das preocupações e dos esforços do Prefeito Carlin Moura a viabilização de mais recursos para solucionar a região da sede com reflexos imediatos para toda região de Vargem das Flores, especialmente as obras imprescindíveis da Av. Maracanã, região Industrial e Amazonas, hoje bastantes prejudicadas pelas dificuldades de acessibilidade e de ligação com a sede e demais regiões do município.

Tomamos conhecimento da divulgação pelo governo do Estado do extenso plano de obras para Belo Horizonte, esperamos e confiamos muito na sensibilidade, no carinho e no respeito que o Governador Antônio Augusto Anastásia tem para com Contagem e seu povo, certamente ele haverá de contemplar nossa cidade e nossa gente com generoso pacote de obras. Sei também que o prefeito de Contagem está aberto a discutir uma agenda de integração da região metropolitana como um todo, pois, só assim, evitaremos colapsos nas divisas territoriais.

IT:Quais são projetos/planos do município para a Mobilidade Urbana? Explique

AFS: Até maio os viadutos e vias que ligam a região industrial a Belo Horizonte serão inaugurados e entregues a população pelos Governos da União, Estado e municípios de Contagem e Belo Horizonte.

 As obras do PAC-Bacias em Contagem, rio Arrudas e córrego Ferrugem, estão em fase de implantação, além do lado social com solução direta para famílias em áreas de risco: acabam com as enchentes, asseguram a preservação da vida humana e da dignidade das pessoas, e ainda diminuirão os impactos do trânsito nas regiões, refletindo positivamente em toda cidade.

Com a aprovação pelo governo Federal do plano de obras apresentado por Contagem, o município receberá recursos na ordem de 200 milhões que viabilizarão obras de viadutos, alças de acesso, trincheiras, estações de embarque e desembarque, integração de regiões e de modais de transporte de passageiros em quase todas as regiões. Para que os recursos venham o Prefeito Carlin Moura tem trabalhado incansavelmente desde o primeiro dia de governo e já conseguiu, conforme anunciado, a aprovação da Presidência da República, assim, brevemente ele poderá anunciar, com detalhes, o grande programa de obras que a cidade terá.

 Além do mais, obras de ampliação do metrô até o Novo Eldorado, mais a estação de integração com outros modais, em breve serão realidade.

Contagem sem dúvida estará entre as grandes cidades de Minas, a que mais trabalha e cresce!

3. O Monotrilho é uma solução viável para solucionar os problemas da Mobilidade? Porque?

AFS: Considero-me suspeito para falar, registro que essa é uma posição e opinião pessoal e não do governo ao qual pertenço. Penso que posso emitir opinião até porque fui um dos dirigentes do metrô a nível nacional entre 2003/2004, quando fui diretor de administração e finanças da CBTU Nacional, no Rio de Janeiro.

Naquela ocasião tomei conhecimento do Monotrilho e me encantei com o projeto. Alguns países já haviam aderido e partiram para a implantação. Eu me lembro de ter dito que o Monotrilho poderia representar a aposentadoria do conceito “sistema metrô”, e fui mais longe, disse que a versão metrô brasileiro não demoraria e seria o dinossauro do transporte de massa!

Vejo que o Monotrilho é futurístico, substituirá com vantagens o sistema metrô, que é mais caro, implantação demorada, poluente, pouco confortável e de segurança ainda duvidosa, além de ser um complexo de equipamentos agressivos à paisagem.

O monotrilho além de mais barato, mais rápido para implantação, não poluente, (movido à eletricidade), silencioso, confortável e seguro, tem a mesma capacidade de transporte, é um equipamento que adorna, enfeita, e resolve o transporte de massa. Tem a vantagem de poder ser implantado sobre o leito dos rios e córregos, canteiros centrais das avenidas e rodovias, proporciona aproveitamento de áreas para jardins, lazer, ciclovias, esportes, pistas de caminhada, etc.

Num primeiro momento vejo com vantagens o Monotrilho para interligar municípios, para a capital, por exemplo, seria o monotrilho a melhor solução para a ligação de algumas regiões. Já para Contagem entendo que a demanda interna ainda não justifica, o que não exclui essa alternativa para daqui uns tempos. Considero que no futuro será um grande presente para solucionar a integração das regiões mais distantes do município.

IT: Você acha que as Prefeituras e órgãos devem trabalhar, em conjunto, para resolver os problemas do trânsito? Porque e como?

AFS: Conforme disse acima, a solução dos problemas internos não será completa se não for de forma harmônica e em parceria com os municípios vizinhos. E pergunto: de que adianta o cidadão gastar 5 minutos no trajeto de venda nova até a estação Eldorado e depois ficar 2 horas no ônibus dentro de Contagem ou vice-versa? Seria justo o passageiro sair de Betim, ficar 1 hora no trânsito retido, depois mais 1 hora no de Contagem, para depois atravessar Belo Horizonte em 10 minutos?  O certo é que sacrifício permanecerá tirando qualidade de vida do cidadão, por isso, solução exige que se discuta um projeto amplo e participativo.

IT: A RMBH está preparada para receber os turistas para a Copa das Confederações e Copa do Mundo, em termos de Mobilidade Urbana? 

AFS: Em que pese os esforços e minha sincera torcida para que tudo ocorra bem e que nossa capital e a região metropolitana causem boa impressão aos nossos visitantes, infelizmente, vejo com receio, porque nem tudo sairá como todos nós gostaríamos que saísse.

Solução para o trânsito

Luiz Otávio Portela

Os belo-horizontinos escutaram mais uma vez que a construção de novas linhas do metrô sairá do papel. Considerando que essa novela dura mais de 30 anos, muita gente só irá acreditar na realização das promessas quando os carros estiverem nos trilhos, funcionando.

Deixando de lado as questões políticas, é preciso analisar as dificuldades técnicas e financeiras para a implantação do metrô de Belo Horizonte. Relevo acidentado e custo consideravelmente alto são apenas dois aspectos básicos a serem analisados e talvez algumas das razões para tanto atraso nas obras. Dessa forma, como ter um transporte de massa eficaz?

É necessário pensar em opções arrojadas para solucionar esse caos no trânsito em que estamos vivendo. Uma solução moderna, parecida com o metrô, mas muito mais barata e com implantação mais rápida, é o metrô leve, na modalidade monotrilho. O modal trabalha com veículos leves sustentados sobre rodas de borracha que circulam por uma viga-trilho suspensa em concreto armado. Eles são movidos por propulsão elétrica de maneira automatizada – ou seja, não há a necessidade de condutores, nem de ocupar o mesmo espaço de carros e ônibus, e o relevo não representa a menor interferência.

Um estudo do Instituto Federal do Espírito Santo aponta que o metrô leve tem custo médio por quilômetro entre R$ 74 milhões e R$ 129,5 milhões, enquanto o mesmo trecho do metrô varia entre R$ 148 milhões a R$ 222 milhões. Por circular suspenso, o modal também desapropria menos, e as intervenções no sistema viário são pequenas, já que os pilares ocupam menos de dois metros de largura nos canteiros centrais.

As vigas são pré-moldadas e poderiam ser instaladas durante a noite, sem a necessidade de interrupção do tráfego. Em funcionamento, o metrô leve é capaz de transportar 25 mil pessoas em horário de pico.

A suspeita é que a utilização desse tipo de transporte seja ainda tímida no Brasil em função da falta de arrojo no planejamento de transporte do país. Várias cidades no mundo têm metrô leve implantado, e ele funciona de forma brilhante. O maior exemplo de sucesso é em Sidney, na Austrália, onde o modal – por ser tão eficiente, silencioso e não poluente – passa dentro até mesmo de um prédio. São Paulo, a cidade com mais problemas de trânsito no Brasil, percebeu esse recurso e começou a implantar o modal.

Já passou da hora de os milhões em recursos liberados para mobilidade urbana serem aplicados em soluções eficazes. A população não aguenta mais ficar parada em imensos engarrafamentos, seja em carro ou em ônibus. Nos últimos 15 dias, o trânsito da cidade deu um grande nó por duas vezes. Um dia, ocorreu um acidente no Anel, no outro, a causa foi exclusivamente o excesso de veículos.

É por isso que a discussão por uma solução mais útil deve ser iniciada de maneira urgente. Não dá mais para os moradores da região metropolitana de Belo Horizonte se frustrarem mais uma vez.

Solução para BH

Por Luiz Otávio Silva Portela

A população de Belo Horizonte ouviu novamente que a ampliação do metrô e a construção de novas linhas sairão do papel. Depois de tantos compromissos firmados e não cumpridos, fica cada vez mais forte nos moradores da capital mineira a sensação de que, novamente, o projeto não vai para frente, considerando que essa novela dura mais de 30 anos. Sem pontuar as nuances políticas da questão do metrô, é preciso analisar as dificuldades técnicas e financeiras para a sua implantação. Além de ter um preço de construção consideravelmente alto, a topografia de Belo Horizonte não é favorável a praticamente nenhum tipo de transporte de massa. Então, o que fazer para solucionarmos o problema do caos no trânsito da capital mineira que a cada dia fica mais evidente? Em um primeiro momento, temos que parar de sermos simplistas e começarmos a pensar em soluções arrojadas, que complementem os modais já instalados na cidade. Uma opção de transporte pouco conhecida e que poderia pôr fim aos crescentes problemas do trânsito da cidade é o metrô leve, na modalidade monotrilho. O modal trabalha com veículos leves com rodas de borracha, que circulam em um único trilho, suspenso em concreto armado, movidos por propulsão elétrica de maneira automatizada, ou seja, não há a necessidade de condutores, nem de ocupar o mesmo espaço de carros e ônibus e o relevo não representa a menor interferência. Um estudo do Instituto Federal do Espírito Santo aponta que o metrô leve tem custo médio por quilômetro entre R$ 74 milhões e R$ 129,5 milhões, enquanto o metrô varia entre R$ 148 milhões a R$ 222 milhões.

Além de apresentar um menor custo, o modal também desapropria menos. Durante a implantação, as intervenções no sistema viário são pequenas, já que os pilares ocupam menos de dois metros de largura nos canteiros centrais. As vigas são pré-moldadas e poderiam ser instaladas durante a noite, sem a necessidade de interrupção do tráfego.

Para implantar o metrô leve em Belo Horizonte há várias possibilidades de rota e, obviamente, quanto maior a rede, maior a eficiência. Porém, a melhor opção, no momento, é começar uma linha na Lagoinha, passando pelo Mineirão, Aeroporto da Pampulha, Cidade Administrativa e chegando até o Aeroporto Internacional de Confins. Trafegando por todo esse trajeto, o metrô leve resolveria parte da carência de transporte na cidade, com a vantagem de o trecho até o Mineirão ficar pronto antes da Copa de 2014. Nem na projeção mais otimista, o metrô teria essa distância com o mesmo prazo, já que leva em média um ano para construir um quilômetro de metrô, ao passo que durante esse mesmo período, é possível construir cinco quilômetros de metrô leve. A suspeita é que a utilização desse modal seja ainda tímida no Brasil em função da falta de arrojo no planejamento de transporte do país. Várias cidades no mundo têm metrô leve implantado e ele funciona de forma brilhante. O maior exemplo de sucesso é em Sidney, na Austrália, onde o metrô leve – por ser tão eficiente, silencioso e não poluente – passa dentro até mesmo de um prédio. São Paulo, a cidade com mais problemas de trânsito no Brasil, já percebeu esse recurso e começou a implantar o modal. Isso porque o metrô leve é capaz de atender 25 mil passageiros por hora nos horários de pico em cada um dos sentidos. É hora de apresentarmos uma solução eficaz para a aplicação do dinheiro público. A população deve conhecer outras soluções para conseguir se deslocar com dignidade. Antes de usar todo esse valor em uma resposta pré-estabelecida, o ideal é abrir a discussão por uma opção mais útil. Não dá para os belo-horizontinos se frustrarem mais uma vez e continuarem a viver refém de engarrafamentos e de metrôs ultrapassados e lotados.