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O VLT VEÍCULO LEVE SOBRE TRILHOS

Por Luiz Otávio Portela*

 1 . Histórico

O VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), também denominado entre nós de bonde, teve seu início de operação em 1.807 pela Oystermouth Railway, (Ferrocarril Oystermouth), no País de Gales – Europa, usando carruagens especialmente desenhadas e tracionado por cavalos, para transporte de mercadorias.

O primeiro VLT elétrico foi colocado em serviço por Werner Von Siemens em Berlin, no ano de 1879.

A seguir, entraram em funcionamento na Europa nos seguintes locais :

  • Budapest em 1887;
  • Bucarest em 1894;
  • Sarajevo em 1895;
  • Suiça, onde se construiu a primeira linha interurbana de Tramway Verey–Montreux– Chillón (VMC), inagurada en 1888;
  • Clermont – Ferrand  em1890.


O VLT teve seu grande desenvolvimento na Europa no começo do século 20

No período entre as duas Grandes Guerras houve um grande crescimento do número de passageiros transportados, tendo o VLT deixado de ser tracionado por animais, passando a ser tracionado por motores elétricos.

A partir de 1935, com o desenvolvimento da indústria de automóveis e ônibus, a utilização do VLT começou a se reduzir, dando lugar às redes de transporte com utilização de automóveis e de ônibus, na Gran Bretanha, França, Espanha e na América do Norte.

Entretanto, na Alemanha, Austria, Bélgica, Itália, Suécia, Dinamarca, Noruega, Suíça, e nos países do Leste Europeu as linhas de VLT foram mantidas e modernizadas.

As linhas de VLT atualmente existentes no Brasil encontram-se nas seguintes cidades:

  • Maceió/AL, com 32 km de extensão, tração elétrica, ligando a Capital às cidades de Satuba e Rio Largo;
  • Juazeiro do Norte/Crato/CE, com 14 km de extensão, movido a diesel e tecnologia brasileira.;

Os trechos de VLT atualmente em fase de obras no Brasil estão situados nas seguintes cidades:

  • Cuiabá/MT, 2 linhas com extensão total de 22,2 km, tração elétrica;
  • Brasília/DF, com 25,7 km de extensão, tração elétrica;

Os trechos de VLT atualmente em fase de projeto estão situados nas seguintes cidades :

  • Litoral Paulista, de Santos a São Vicente;
  • São Paulo, capital;
  • Rio de Janeiro, capital;
  • Brasília, 6,3 km de extensão.

No Brasil o 1º VLT implantado, já com aparência moderna, foi na cidade de Campinas/SP em 1.990 e atualmente encontra-se desativado.

2 – Especificações Técnicas no Brasil

No Brasil o VLT tem especificações técnicas definidas pela CBTU – Companhia Brasileira de Trens Urbanos, publicadas e disponibilizadas em meio magnético no site http://www.cbtu.gov.br/estudos/pesquisa/vltpadrao.pdf .

Essas especificações são bastante completas e contemplam :

  • características técnicas e operacionais;
  • condições ambientais;
  • conforto térmico;
  • climatização;
  • nível de iluminamento;
  • conforto acústico;
  • suavidade de marcha e ergonomia;
  • restrições quanto à emissão de poluentes;
  • normas técnicas aplicáveis;
  • materiais, métodos construtivos e mão-de-obra;
  • projeto e pasta de documentos;
  • estrutura e caixa (do veículo);
  • acabamento interno;
  • portas;
  • janelas;
  • isolamento térmico e acústico;
  • sistemas pneumáticos;
  • truques;
  • engates e acoplamento entre carros;
  • pintura, identidade e comunicação visual;
  • cabine de condução;
  • sistema de iluminação;
  • sistema de suprimento de energia auxiliar;
  • sistema de ar condicionado;
  • sistema de tração diesel;
  • sistema de vigilância automática;
  • sistema de controle e informação do veículo;
  • sistema de radiocomunicação;
  • sistema de sonorização;
  • sistema de sinalização operacional;
  • inspeções e testes.


3 – Vantagens do VLT

  • média capacidade de transporte : 170 passageiros por carro (urbano) ou 60 passageiros por carro (regional);
  • quando movido por tração elétrica são muito convenientes em termos ambientais, por não gerar poluição atmosférica e sonora;
  • boas condições de acessibilidade
  • facilidade de integração a outros sistemas;
  • não é o sistema de transporte de massa de maior custo de implantação.


4 – Desvantagens do VLT

  • ocupa espaço no chão, compartilhando espaço com outros veículos e pedestres, podendo causar acidentes;
  • sofre interferências com cruzamentos de vias existentes e semáforos;
  • o sistema de alimentação elétrica aéreo causa poluição visual; (já existem estudos para um sistema de alimentação elétrica com baterias, cujo carregamento seria feito por indução magnética, subterrâneo, nas estações).


6 – Sugestão de Aplicação em Minas Gerais

Pelas características apresentadas do VLT, podemos sugerir que seja uma alternativa recomendável a ser utilizada no Programa Trens de Minas, considerado o VLT como de características regionais e capaz de fomentar o desenvolvimento do transporte regional de passageiros.

Nessa alternativa, o VLT poderia operar nas atuais linhas férreas da região metropolitana de Belo Horizonte, em horários compatíveis com a maior demanda de passageiros e adequando os horários do transporte de carga atual.

Sendo linhas de ligação regional, o VLT terá um mínimo de interferências com o tráfego urbano, com pedestres e com semáforos, além de evitar desapropriações, uma vez que utilizará faixas de domínio das ferrovias atuais.

O maior custo será o de implantar o sistema elétrico ao longo do percurso.

Não se pensou na utilização do VLT tracionado por motor a explosão (diesel ou gasolina), uma vez que introduziria um fator negativo em termos ambientais.

*Palestra proferida durante o Ciclo de Debates “Mobilidade Urbana”, dia 13/6/13, na Assembleia Legislativa de Minas Gerais.